Por vezes, sou tomada por uma sensação de desaceleração da vida, sentindo que algo não está de acordo com o meu relógio.
Tudo a minha volta parece andar na velocidade da luz, quando eu, pareço estar em show motion.
Tento perceber, se falta-me energia ou se apenas, tudo acelerou de repente e, tudo bem que meu ritmo seja outro.
Esta percepção de não pertencimento ao tempo externo, mas sim ao meu tempo de subjetividades, causa-me por vezes desassossego.
Tento fazer com que tudo pareça estar dentro de uma normalidade, mas percebo isso como uma conformidade de que tudo esteja no tempo certo, mas não está.
O meu tempo é diferente do seu tempo, assim como tantos outros tempos, porque para ter tempo é preciso ajustar-se ao tempo das coisas.
O tempo que me rege é o tempo que dou ao tempo que tenho.
O tempo da apreciação de uma vida não pautada em alta velocidade, causa uma freada abrupta diante das exigências mundanas.
Sou o meu próprio tempo num tempo que não é o que escolhi para minha vida, mas que o tempo das coisas nos impõem.
Quando não respeitamos nossos tempos, vivendo por exemplo no passado, somos acometidos por uma sensação de dever não cumprido em que deprimidos nossos sentimentos.
Quando desesperamos por um tempo que está por vir, supondo todas as suas consequências, nos ansiamos apenas sobrevivendo durante o processo.
Que tempo estranho esse que não respeita o ritmo biológico das nossas vidas...
Mas quem determinou esse tempo? Quem disse wue você precisa alcançar o tempo frenético das coisas mundanas?
Foi o consumismo? Foi a aceleração desenfreada ao mundo digital em que, ou você digitaliza a sua existência ou você fica num tempo analógico ultrapassado?
Tudo bem, o relógio deu as últimas badaladas e amanhã podemos reiniciar o ciclo do tempo...
No tic tac dos ponteiros, o segundeiro está mais lento que os nossos batimentos cardíacos.
Ele ainda não desregulou. Mas e o ponteiro das nossas vidas, com movimentos de sístole e diástole, que sofre todas as consequências de uma manutenção sem a devida atenção?
O tempo está passando e nós, estamos apenas passageiros ou estamos sabendo dirigir nossas vidas sem ultrapassar o que não é permitido?
Passados, presentes e futuros se confundem quando não escutamos a subjetividade dos nossos tempos.
Passo tentando compreender o meu tempo para que eu não invada o seu tempo, causando tempestades com a minha passagem por você.
Quero dirigir o meu tempo respeitando o tempo dos outros sem cometer infrações.
Quero escutar o seu tempo sem precisar anular o meu.
Passamos boa parte das nossas vidas, correndo contra o tempo para alcançarmos algo, que quando conquistamos, zeramos tudo e, novamente reprogramamos nossas vidas.
Parece-me, que a sabedoria do tempo está nos entremeios dos ponteiros, quando eles estão se preparando para avançar.
Quando chega determinada hora, somos convocados a um recomeço.
Prefiro ser o meu tempo a tentar estar no tempo. Sendo o tempo, redimensionamos nossas prioridades sem nos desafetar-mos com ele.
Escute o seu tempo. Viva o seu tempo. Ele te levará com muito mais tranquilidade onde você quer chegar.
Mas viva no seu tempo sem interferir no tempo dos outros, afinal, todos temos um tempo de chegada e um tempo de partida.
A hora certa, a Deus pertence mas o cuidado, dependerá de você.
Restart!